sábado, 7 de junho de 2025

A estrada N 103

A Estrada Nacional 103 (N 103) conta com sensivelmente 265 km de extensão e liga o concelho de Viana do Castelo à histórica cidade de Bragança. Atravessa o Minho, Gerês, Montezinho e Trás os Montes. O quilómetro zero é em Neiva (próximo de Viana do Castelo) e passa por importantes localidades como Barcelos, Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Boticas, Chaves, Vinhais e Bragança, guardiãs de um riquíssimo património histórico e de tradições milenares que o tempo não ousou apagar.
É uma estrada que a rasga o Norte de Portugal numa sequência de curvas e contra-curvas, que fazem as delícias dos amantes da condução, quer sobre 2 quer sobre 4 rodas. Para os ciclistas é uma estrada muito agradável de fazer, pois combina tranquilidade e declives pouco acentuados e paisagens de grande beleza natural. Por ser mais fácil para os ciclistas, optámos pelo sentido Bragança – Neiva, pois tem menor percentagem de subidas. São 265km e uma altimetria de 4242m.
1ª dia BRAGANÇA – REBORDELO (55km) Durante a manhã fizemos a viagem de cerca de 5 horas até Bragança. Depois de almoçar, começámos a pedalar 15 horas, com a primeira foto no km 265. Depois de sair da zona urbana de Bragança, a N 103 torna-se uma tranquila estrada, num carrocel de curvas e um sobe e desce sempre com declives suaves. Passámos por várias aldeias e atravessámos Vinhais – a capital do fumeiro.
Chegámos a Rebordelo pelas 19h00 e fomos diretos para o local de alojamento, a Hospedagem Refúgio Sublime, um espaço muito agradável.
Depois de um banho merecido, fomos jantar ao restaurante "Terra Fria", que simpaticamente abriram em exclusivo para o nosso grupo. O menu foram deliciosos pratos típicos transmontanos.
2º Dia REBORDELO – ALTO RABAGÃO (85km) Depois de uma noite tranquila em que nem ouvi a trovoada que passou durante a noite, pudemos desfrutar de um excelente pequeno almoço. A 2ª etapa começou logo com uma bela descida, mas depois foi preciso subir bastante até ao ponto mais alto da etapa, próximo do km 25. Depois foi desfrutar de uma longa descida até Chaves, onde parámos para almoçar e visitar as termas onde bebemos um copo de água termal. Estávamos prestes a retomar a estrada quando caiu uma grande chuvada.
Quando a chuva acalmou, continuamos a viagem e voltámos subir até à albufeira de Alto Rabagão. Terminámos a etapa por volta das 18h00 debaixo de alguns pingos de chuva. Ficámos alojados numa simpática casa de alojamento local e o jantar foi um belo repasto no restaurante “7 Maravilhas” que fica na paradisíaca aldeia de Vilarinho de Negrões, uma pequena península que entra pela barragem do Alto Rabagão.
3º dia ALTO RABAGÃO – BRAGA (86km) O dia amanheceu com alguma chuva, pelo que esperámos que parasse, antes de iniciar a 3ª etapa. Durante os primeiros quilómetros a estrada N 103 contorna as margens da barragem. A seguir ao paredão, iniciámos uma longa descida, sempre rodeados de belas paisagens e com o rio Rabagão à nossa direita.
Próximo do Km 100 passámos a ter a companhia do rio Cávado. "O rio Cávado nasce na Serra do Larouco, tem uma extensão de 135 km e passa pelos concelhos de Montalegre, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Braga, Barcelos e desagua no Oceano Atlântico junto a Esposende".
A estrada continuou tranquila e a paisagem sempre deslumbrante. Em Serzedelo fizemos um desvio de 8km para visitar o Santuário da Nossa Senhora da Lapa, uma construção invulgar debaixo dum enorme rochedo, que acolhe uma imagem da Nossa Senhora, cuja origem remonta ao século X.
Já estávamos perto de Braga quando voltou a chover. Deixámos a tranquilidade da N 103 e, debaixo de chuva, atravessámos a cidade em direção ao centro histórico, onde ficava o hostel onde ficámos alojados. Depois de um banho retemperador, fomos jantar a uma esplanada no centro da cidade.
4º dia BRAGA – CASTELO DO NEIVA (Viana do Castelo) 45km Levantámo-nos antes das 8h00 e fomos tomar o pequeno almoço ao centro histórico. Depois de arrumar a bagagem, começámos a pedalar pelas 9h00. Durante os primeiros quilómetros o trânsito era intenso e a estrada N 103 foi-se tornando menos interessante. Próximo de Barcelos, devido às obras na variante externa da N 103, que pretendem desviar o trânsito do centro, foi um pouco confusa a chegada ao centro da cidade. Valeu-nos as dicas de um ciclista da região.
Em Barcelos, visitámos o castelo e apreciámos as excelentes vistas para o rio Cávado. É famosa a lenda do "Galo de Barcelos", que narra a "intervenção milagrosa de um galo morto que provou a inocência de um homem erradamente acusado". Atravessámos a cidade que estava em festa e retomámos a N 103 a seguir ao estádio do Gil Vicente.
Já estávamos nos últimos quilómetros, a caminho do km zero, quando voltou a chover com bastante intensidade, o que nos obrigou a recolher durante alguns minutos no telheiro de um restaurante. Já completamente encharcados, voltámos à estrada para percorrer os últimos kms até ao km zero, que fica no cruzamento entre a N 103 e a N 13. Depois das fotos finais, procurámos um abrigo para mudar de roupa e um local para um merecido almoço minhoto, antes de iniciar a viagem de regresso a casa.
BALANÇO Foi mais um espetacular desafio de bicicleta, através de um território de grande beleza natural. Em 4 dias percorremos 265km, quase sempre por estradas tranquilas. Correu tudo muito bem, ao nível dos alojamentos da alimentação. Nâo houve avarias técnicas, nem problemas físicos. E a meteorologia também não incomodou muito. Um grande obrigado aos meus companheiros de viagem, pela companhia, pela boa disposição, pelo espírito de grupo e pela preciosa ajuda na organização. E um agradecimento especial ao meu irmão por se ter disponibilizado para conduzir o carro de apoio, o que além de viabilizar a atividade, facilitou bastante a logística das bagagens e do transporte.

2 comentários:

Samuel disse...

Boa noite Vítor
É obrigatório,apesar de repetitivo,dizer que a tua escrita é envolvente,contagiant e,sempre discritiva geograficamente e historicamente (até o porquê do galo de Barcelos) Três novidades;no texto não colocas-te a palavra COCA-COLA,foste com mais companhia (feminino) e a ajuda do mano Obrigado mais uma vez por partilhares uma nova experiência Um grande abraço para o mano e um enorme abraço para ti Continua a pedalar

Luis Eme disse...

Excelente reportagem de um passeio memorável, pelas vistas e também pela companhia.

abraços

A estrada N 103

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