terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Conselhos para fazer o Caminho de Santiago em BTT -

O Caminho de Santiago não é uma competição, há que desfrutar com calma da experiência, dos lugares que atravessamos e suas paisagens. As pernas, o corpo e o espírito agradecerão.

Não é necessário ser um campeão de BTT para fazer o caminho, porém, não nos devemos atirar de forma ligeira a fazer o Caminho. É preciso preparação física e mental para que esta experiência seja satisfatória. Se terminarmos em segurança pensaremos em voltar a fazer o caminho.

Se fizermos regularmente passeios à volta de 40-50 km estaremos preparados para o caminho.

Se formos em autonomia, nas últimas semanas é aconselhável montar os suportes e os alforges (carregados), para nos irmos habituando ao peso extra que temos que levar e treinar a condução com os alforges.

Recomendamos fazer o caminho pela rota original ainda que isso nos custe alguma subida ou quilómetro extra. A estrada não é boa companheira para o caminho e recordar que não temos nenhuma pressa em chegar.



Anotar as vivências do caminho num gravador ou num bloco de notas, servirá para revivê-lo e dentro de uns anos recordá-lo com mais detalhe.

Não definir objectivos ambiciosos para as etapas.

Devido à dureza de alguns troços do caminho português, a escolha da bicicleta a utilizar é importante. Deverá ser de BTT, o mais leve possível, equipada com pneus de terra, fiável nos equipamentos de que é montada, tendo sempre em conta a facilidade de manutenção e com um bom suporte para a bagagem.

Convém levar um cadeado para trancar a bicicleta para poder visitar igrejas ou monumentos e passear pelas cidades, em segurança e tranquilidade.
Levar sempre água ou bebidas energéticas em quantidade suficiente.
Levar barras energéticas, frutos secos e chocolate para ir comendo ao longo das etapas. É muito importante uma boa nutrição para aguentar as longas e por vezes duras etapas do caminho.
As principais refeições são o pequeno almoço e o jantar. Ao pequeno almoço recomenda-se a inclusão de cereais.
Os almoços dverão ser à base de sandes e fruta.

Principais Albergues no Caminho Português
- Porto ....................260 Km
- S Pedro de Rates ....220
- Ponte de Lima ........160
- Rubiães ................140
- Valença ................115
- Tuy .....................110
- Redondela ..............80
- Pontevedra ............62
- Caldas de Reis ......
..38
- Padron ..................22
- Téo ......................12
- Santiago




Principais albergues em Portugal

Albergue de S. Pedro de Rates - localiza-se a 30 km do Porto e a 14km de BarcelosAlbergue de Rubiães - localiza-se a 19 km de Ponte de Lima e a 17 km de Valença do Minho.Albergue de Peregrinos S. Teotónio – Valença - Localiza-se em Valença do Minho (Junto aos Bombeiros).

Equipamento BTT
Uma semana antes de iniciar o Caminho fazer uma revisão e limpeza completa à bicicleta.
Durante as etapas aconselha-se os participantes a transportarem pelo menos:

- Uma câmara de ar
- Caixa de reparação de furos
- Jogo de desmontas
- Descravador de correntes
- Jogo de chaves tipo canivete
- Bomba
- Lubrificante para a corrente
- Um pedaço de arame ou cordeleta

Lubrificar todos os dias a corrente; fazer reparações ou ajuste na bicicleta todos os dias ao chegar ao local onde vamos passar a noite; ir verificando regularmente a pressão dos pneus.

Equipamento básico adequada à prática do BTT:
- 2 jersey’s de ciclismo de material transpirável
- 2 calções almofadados
- 1 impermeável ligeiro (tipo corta-vento)
- luvas
- capacete
- óculos
- sapatos de sola rígida
- meias transpiráveis
- camel-bak ou cantil
Documentos- Caderno de notas e esferográfica.
- Credencial do Peregrino.
- Bilhete de Identidade.
- Cartão de Segurança Social.
- Telemóvel ou cartão de telefone.
- Dinheiro e cartão de crédito.
- Seguro de acidentes pessoais

Para camping
- Tenda
- Almofada de encher

- Saco cama
- colchonete
Outros equipamentos- canivete multiusos
- lanterna ou frontal
- kit de higiene
- papel higiénico.
- toalha de banho
- chinelos para o duche
- estojo de primeiros socorros
- muda de roupa para depois das etapas
- protector solar
- baton cieiro

Etapas S. Pedro de Rates - Santiago (220km)


Etapa 1 S.Pedro de Rates - Rubiães (66 km)





















 
Etapa 2 Rubiães - Pontevedra (70 km)
 
















 

Etapa 3 Pontevedra - Santiago (65 km)

História do Caminho Português de Santiago


Entre a diversidade de itinerários jacobeus provenientes de todos os cantos da Europa, alguns têm origem em Portugal. Mas entre todos assume particular relevo a estrada real Porto-Barcelos-Valença, onde confluem quase todos os demais, reforçando este percurso como a espinha dorsal dos caminhos portugueses de Santiago.
Foi este o itinerário escolhido pela maior parte dos peregrinos que demandaram Santiago, pelo menos a partir do início do séc. XIV, o que bem se demonstra pelos inúmeros relatos que se conservam nos arquivos compostelanos e nas referências conhecidas aos seus caminheiros mais ilustres a Rainha Santa Isabel, Leão de Rotzmithal, Jerónmo Münzer, el-Rei D. Manuel, Confalonieri, Albani, e provavelmente também S. Francisco de Assis, o Beato Francisco Pacheco e tantos outros egrégios peregrinos que a memória não registou.
Com efeito, com a conclusão da ponte de Barcelos em 1325 e a remodelação da de Ponte de Lima na mesma época, foi possível criar um percurso rectilíneo que evitava a inflexão por Braga e a travessia a vau ou em barca dos rios mais perigosos.
Rates, Barcelos, Ponte de Lima, Valença, Tui, Redondela, Pontevedra e Caldas de Reis definiram o novo itinerário medieval do Porto a Santiago, tendo apenas em comum com a velha via militar romana um ou outro troço urbano e as pontes ainda em uso para vencer as ribeiras mais buliçosas.
No sec XVIII, com a política de melhoramentos empreendida por Fontes Pereira de Melo uma nova estrada alcança Viana do Castelo, transpõe o Lima numa soberba ponte metálica e prolonga-se até Caminha e Valença. Enquanto isto, também a linha dos Caminhos de Ferro vai crescendo atinge Valença em 1882 e penetra em Espanha quatro anos depois.
Barcelos e Ponte de Lima deixarão de ser pontos de passagem obrigatória nas deslocações norte-sul e Viana do Castelo assume claramente a hegemonia e a liderança política e administrativa do Alto Minho.
Este percurso, por isso mesmo, perdeu o interesse, foi abandonado e rapidamente esquecido. O manifesto desinteresse da ligação Barcelos-Ponte de Lima-Valença, preterida por outros acessos mais francos à fronteira, valeu-lhe, assim, alguma preservação, já que os outros percursos que justificavam benfeitorias conservam hoje do original pouco mais que um vago traçado.
No remanso duma paisagem que se tem mantido incólume com o correr do tempo, o caminho foi-se apagando, lentamente, nos lameiros das veigas e nas encostas esqueléticas da Labruja, onde até o mato mal resiste à erosão. Mas o traçado estava lá, razoavelmente conservado, adivinhando-se num cruzeiro, numas alminhas, nuns restos de calçada trilhada por fundas relheiras e quase sempre bem registado na memória da população local.
Quando no início dos anos sessenta, o Pároco de O Cebreiro, D. Elías Valiña Sampedro, apregoava o Milagre Eucarístico na sua Igreja de Santa Maria la Real, estava a dar novo alento às antigas peregrinações jacobeias que celebrizaram aquela intervenção divina. Tomou então este encargo como uma missão, organizou congressos, promoveu associações, reconheceu o Caminho e sinalizou-o, pintando setas amarelas, que ainda hoje se têm como a mais conhecida e segura identificação de um itinerário jacobeu.
Fazia mais de dez séculos que multidões de devotos a Santiago peregrinavam ao seu túmulo e só nos anos mais recentes esta prática esmorecera e quase se extinguira.
Com a sinalização do Caminho Francês o fenómeno disparou, aumentando progressivamente, mês após mês, ano após ano, o número de peregrinos que de todo o mundo e nomeadamente da Europa ocorriam a Santiago de Compostela, calcorreando os velhos caminhos que os estudos e as guias sugeriam. Reabrem-se antigos e novos albergues, editam-se roteiros e mapas, proliferam os estudos monográficos, organizam-se congressos e seminários, constituem-se Associações de Amigos, especializa-se, inclusivamente, a oferta turística das cidades históricas servidas por este itinerário. E o sucesso foi de tal dimensão, que em 1987 o Conselho da Europa o galardoa como Primeiro Itinerário Cultural Europeu e em 1993 a UNESCO classifica-o já como Património da Humanidade.
A Xunta de Galicia, consciente da dimensão universal deste entusiasmo e da sua acção catalizadora da integração europeia, decide explorar outros itinerários jacobeus de reconhecido sentido histórico e promover igualmente a sua reutilização. Inicia as diligências com o velho Caminho Português, indiscutivelmente considerado o mais importante das chamadas rotas secundárias, abrindo concurso público para a sua identificação, caracterização e valorização. E no Ano Santo de 1993 é pela primeira vez divulgado o itinerário entre Tui e Santiago que os Peregrinos preferencialmente utilizavam quando provinham de Portugal.
Este magnífico trabalho foi realizado por uma equipe da Asociación Galega de Amigos do Camiño de Santiago, que em boa hora entendeu que o Caminho Português não se esgotava na Galiza, e diligenciou todos os esforços para obter apoio na investigação em Portugal. Assim se alargou a equipe, primeiro em Valença, onde nasceu a Associação local dos Amigos do Caminho, e depois em Ponte de Lima. E passados quatro anos de rebuscada investigação e trabalho de campo, foi possível fixar o velho caminho para norte de Ponte de Lima, iniciando-se desde logo os trabalhos para sul daquela vila em direcção a Barcelos e ao Porto.
Actualmente, podemos considerar este itinerário definido e fixado entre o Porto e Santiago e em curso um conjunto de actividades que têm em vista a sua recuperação, sinalização e divulgação, promovidas pela Associação dos Amigos do Caminho Português de Santiago, que tem a sua sede em Ponte de Lima.
A recuperação não envolveu ainda e muito menos de uma forma programada, a totalidade do itinerário, como sucede no troço galego por iniciativa da Xunta. São as respectivas Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia que, por solicitação da Associação, realizam acções pontuais de limpeza e redobram cautelas no licenciamento de intervenções públicas e privadas. Mas outros projectos estão também a arrancar a criação de pelo menos dois albergues de Peregrinos; a proposta de classificação do Caminho Português como Património Cultural; e a edição de um roteiro prático, cartografado a escala conveniente, que será um excelente complemento da Guia recentemente publicada em Pontevedra.
A sinalização poderá vir a ter um carácter definitivo, uma vez que o Caminho tem já uma identificação precária com as inconfundíveis setas amarelas, que o tornam acessível a qualquer caminheiro, prevendo-se ainda acrescentar à indicação de Santiago de Compostela a direcção oposta do Santuário de Fátima, esta talvez com uma seta azul. De facto, o Caminho Português de Santiago, no seu retorno, é um Caminho de Fátima, com afluência crescente de Peregrinos que, por devoção à Virgem Maria prosseguem viagem depois de alcançar Compostela

sábado, 20 de setembro de 2008

De Caldas a Santiago em BTT (Ago 2008)


Depois de termos feito os Caminhos de Santiago por várias vezes (quatro no Caminho Português e uma no Caminho Francês), decidimos este ano começar a pedalar a partir das Caldas.
O desafio foi percorrer durante 6 dias, de BTT e em autonomia, os cerca de 540 km entre as Caldas e Santiago de Compostela.
Alinharam neste desafio o Ricardo Ferreira, o Nuno Ribeiro e o Vítor Milheiro.
Os outros companheiros foram ter a S. Pedro de Rates e fizeram connosco as 3 últimas etapas.
Apesar de não haver caminho marcado junto à costa, a nossa opção foi pedalar durante os 3 primeiros dias o mais possível próximo do mar, por caminhos e estradas secundárias.

No primeiro dia depois de passar por S. Martinho e Nazaré, apanhámos a excelente ciclovia que passa por S. Pedro de Moel e vai até à Praia da Vieira. Continuamos dentro do pinhal de Leiria por Pedrógão e Leirosa. Como ainda era cedo e o cansaço não era muito, continuámos até à Figueira da Foz, passámos o cabo Mondego e foi ao pôr do sol, ao fim de 7 horas a pedalar, que chegámos a Quiaios, onde ficamos num “bengali” no parque de campismo.


 











No segundo dia, depois de passarmos pelas praias de Tocha e Mira, seguimos junto à vala de Mira até ás margens da ria de Aveiro, que nos iria fazer companhia durante os seguintes 50km. Como o dia estava excelente, tomámos um banho na praia da Vagueira. Depois de passar pela Costa Nova, apanhámos o ferry para S. Jacinto e continuámos a pedalar até ao Furadouro onde ficámos em casa de amigos.

No terceiro dia partimos com a expectativa de dar um mergulho nas praias de Esmoriz ou Espinho, mas a temperatura fresca e o nevoeiro, fez-nos mudar de ideias. Assim, continuamos a pedalar, à beira do mar, na espetacular ciclovia que vai de Espinho até Vila Nova de Gaia. Com a entrada no Rio Douro o nevoeiro foi-se embora e a nossa passagem pelo Porto foi banhada por um sol magnífico. Foi a partir da ponte D. Luís, que começamos a seguir as setas amarelas do Caminho de Santiago. E foi no coração do Porto que parámos para almoçar umas deliciosas “francesinhas”.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Depois de alguns quilómetros na zona urbana do Porto, entrámos finalmente na tranquilidade dos Caminhos de Santiago. O destino era o albergue da aldeia medieval de S. Pedro de Rates, instalado numa antiga casa rural. Foi aqui o ponto de encontro com os companheiros que iriam fazer connosco os últimos 220km.

Estávamos no quarto dia e a expectativa era grande, pois dos catorze, apenas quatro já tínhamos feito o caminho.
Esta etapa passava por Barcelos e Ponte de Lima, em pleno coração do Minho. O almoço foi em Ponte de Lima e o ponto alto da etapa foi a sesta que dormimos num relvado cheio de sombras, à beira do rio Lima. Antes de chegar ao albergue de Rubiães, recuperado a partir duma antiga escola primária, ainda faltava a dura travessia da serra da Labruja, que obrigou a grandes períodos com a bicicleta ás costas. Esta serra, e em particular a passagem pela Cruz dos Franceses (ou Cruz dos Mortos) é um local mítico, pois foi aqui que, há 200 anos, os habitantes desta região deram uma valente tareia nos invasores franceses.













O quinto dia começou tranquilo até Valença. Em Tuy, subimos as íngremes calçadas da zona antiga até à Catedral. E foi a partir daqui que apanhámos uma valente chuvada durante mais de 20km. Só em Mós o bom tempo voltou.
Em Redondela, uma paragem para beber uma cidra antes de pedalar os últimos quilómetros até ao albergue de Pontevedra.

E finalmente a última etapa. A primeira paragem foi em Caldas dos Reis, onde banhámos os pés nas quentes águas da fonte termal (46º). Na passagem por Padron, em dia de feira, não resistimos à passagem por uma churrasqueira. Comprámos frangos, pão e bebidas e almoçamos na margem do Rio Ulla, rio por onde, segundo a lenda, entrou a barcaça com corpo do apóstolo Tiago, que havia sido decapitado na Terra Santa.
Com o aproximar da cidade de Santiago as forças voltaram e foi com alegria e emoção que subimos os últimos 2km até à Praça do Obradoiro, em frente da Catedral. Depois das últimas fotos, fomos à oficina do peregrino buscar a “Compostela”, visitámos a magnifica

catedral e compramos algumas lembranças.












 
A peregrinação deste ano correu muito bem. Não houve acidentes, nem avarias graves – apenas dois furos. O ambiente foi sempre de amizade e boa disposição e todos partilharam o espírito de que o mais importante dos Caminhos de Santiago não é chegar, mas sim usufruir do caminho.
 
As etapas:
1º dia – Caldas – Quiaios (133km)
2º dia – Quiaios – Furadouro (104km)
3º dia – Furadouro – S. Pedro de Rates (90km)
4º dia – S. Pedro de Rates - Rubiães (70km)
5º dia – Rubiães – Pontevedra (71km)
6º dia – Pontevedra – Santiago (69km)

A estrada N 222 de bicicleta

INTRODUÇÃO A estrada N 222 tem 226km de extensão e liga Vila Nova de Gaia a Almendra (perto de Foz Côa). Atravessa uma das mais belas regi...