quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Caminho Francês de Santiago em BTT - (Ago 2007)

Entre 2 e 8 de Agosto de 2007, eu e mais dois amigos do BTT Caldas realizámos o desafio de percorrer o Caminho Francês de Santiago em BTT.
Foram mais de 700 km a pedalar em total autonomia, tendo como ponto de partida e chegada Bragança.

1- Bragança- Doney de la Requejada ---------(64 km, 3h 56m, 1226m alt )
2 – Doney Requejada - Cacabelos -------------(103 km, 6h 54m , 1857m alt)
3 –Cacabelos - Portomarim------------------- (123 km , 7h 27m, 2047m alt)
4 – Portomarim - Santiago -------------------(100 km , 7h 30 m, 1908m alt)
5 – Santiago – Ourense------------------------ (117 km, 6h 38m, 2012m alt)
6- Orense – Chaves -----------------------------(100 km, 6h 00m, 1590m alt)
7 – Chaves - Bragança -------------------------(116 km, 7h 08m, 2420m)
TOTAIS -------------------------(723 km, 44h 33m , 13 060 m alt)

O Caminho Francés ou rota das estrelas, é o Caminho de Santiago por excelência. È uma rota milenar, com quase 800 km, que partindo de Saint Jean Pied du Port, se dirige para Oeste sempre acompanhados pela Vía Láctea.
O nosso plano foi sair de Bragança e pedalar para Norte, atravessando a Sierra da Cabrera e apanhar o Caminho francês em Ponferrada. A partir daqui foi seguir as setas amarelas e partilhar com muitas centenas de peregrinos, um caminho antigo, com paisagens magníficas, de grande riqueza cultural e religiosa.




1º dia 2 Agosto 07 (Bragança – Doney de la Requejada)

Depois de 5 horas de carro até Bragança, preparámos as bicicletas que carregadas pesavam 23 kg e iniciámos o “camiño” depois de almoço. Optámos por seguir por Rio de Onor, passámos por Puebla de Sanabria e ao fim de 64 km e quase 4 horas a pedalar, chegámos a Doney de la Requejada, com o sol a esconder-se por detrás das montanhas.
Foi uma etapa dura, porque o terreno era muito acidentado com muitas subidas, o que se comprova pela altimetria acumulada de 1226m e porque eu estava sem ritmo, pois não andava de bicicleta há quase 15 dias. Saímos de altitude de 660m e dormimos a 1226m.

Jantámos no único café da aldeia, onde uma simpática senhora nos preparou um saboroso jantar e nos arranjou um local sossegado com piso macio para acamparmos. Foi uma noite fria e todos estranhámos a “qualidade” do colchão!

2º dia 3 Agosto 07 (Doney de la Requejada – Cacabelos)
No dia seguinte, depois de desmontar acampamento e preparar as bicicletas, fomos ao mesmo (e único) café, onde tomámos o pequeno almoço encomendado na véspera.
Já passava das 9h00 quando iniciámos a subida de 14km, até aos 1836m, que é o trajecto de uma das mais prestigiadas corridas de montanha de Espanha. Demorámos quase duas horas, a uma velocidade média de 8km/h.
Depois foi uma descida vertiginosa, onde em apenas 6km baixámos 500m em altitude.
A viagem continuou pelo vale, passando próximo do lago de Truchillas, e depois pela povoação com o mesmo nome, e mais à frente por Truchas, onde pretendíamos almoçar, mas não havia nenhum café ou restaurante!! Continuámos a pedalar mais 8km até Corporales, onde finalmente encontrámos quem nos servisse uns “bocadilhos” e umas cidras.
Estávamos a 1200m e faltava o segundo desafio do dia, uma subida com 10km, com uma inclinação media de 9% que nos levou até ao alto do Morredero 1965m.
A dureza da subida foi compensada pela beleza da paisagem e pelo alento de sabermos que depois era sempre a descer até Ponferrada.
Chegados ao ponto mais alto, iniciámos uma fantástica descida e fomos surpreeendidos
por uma paisagem ainda mais deslumbrante com vales profundos e pintados de um verde que ao longe parecia veludo.
Foram cerca de 40km quase sempre a descer, por vezes a velocidades acima dos 60km/h.
Perto de S. Cristobal de Valdueza uma pequena paragem para apanhar uma barrigada de cerejas que nos estavam a desafiar ali mesmo á beira da estrada.
E foi num ápice que chegámos a Ponferrada …finalmente estávamos no caminho Francês de Santiago. Começamos a encontrar setas e marcos um pouco antes do castelo dos Templários de Ponferrada.
Como ainda havia duas horas de sol decidimos continuar. Em Cacabelos ficámos no albergue municipal (5€ cada um); são pequenos quartos de duas camas, construídos no adro da igreja da Virgem das Angústias. Tomámos um banho a sério, lavámos roupa e fomos jantar a uma pizzaria.
Neste dia fizemos 104km, em aproximadamente 7 horas e uma altimetria acumulada de 1857m

3º dia - 4 Agosto 07 (Cacabelos-Porto Marim)
Depois de uma noite mal dormida, primeiro pelo ressonar de alguns peregrinos, e depois pelo barulho dos vizinhos do quarto ao lado, que ás 5 da manhã já estavam a abrir fechos das mochilas e a remexer em sacos de plástico.
Fomos quase os últimos a sair do albergue, ás 8h30, tomámos o pequeno almoço uns quilómetros à frente em Vila Franca del Bierzo.
Após 30km tranquilos, passamos por Herrerias, onde tem início a famosa e difícil subida de 14km que nos leva ao alto do Cebreiro, (1300m). O Cebreiro é uma vila muito pequena, que parece saída das histórias de Astérix. Tem uma capela do sec. XI e palhotas celtas muito bem conservadas. É um local muito bonito e um dos pontos mais emblemáticos do Caminho.
Aqui comemos umas uvas deliciosas e assistimos ao primeiro casamento do dia.
Antes de iniciar a descida, havia ainda que passar no alto do Poio (1357m) e depois finalmente um descida espectacular até Triacastela onde almoçamos e dormimos uma sesta durante a hora do calor.
Regressámos ao caminho por volta das 17h , passámos por Samos com o seu imponente mosteiro, onde parámos para beber uma cidra e presenciámos o segundo casamento.
Logo a seguir entrámos num trilho muito bonito e fresco que nos levou até Sarria.
Mas o objectivo era chegar a Portomarin … e ainda faltavam 25km e um a subida até aos 700m . Nesta altura já tínhamos pedalado mais de 100km. Finalmente a descida para Portomarim, foram 8km de curvas abertas, sempre a grande velocidade.
Eram quase 21 horas, com o sol a esconder-se por detrás dos montes, quando atravessámos o rio Minho e chegámos a Portomarin. O albergue estava cheio e não havia parque de campismo. Felizmente o pavilhão da vila estava aberto aos peregrinos, só que não havia banhos. Estávamos muito transpirados, tínhamos pedalado 123 km, durante 7horas e meia e dentro do pavilhão estava um calor insuportável. Foi numa fonte, ao lusco fusco, que tomámos o banho do dia, ao mesmo que outros peregrinos lavavam a louça do jantar. Instalámo-nos no pavilhão… estavam lá perto de 300 peregrinos!! Jantámos num restaurante ao lado da igreja e … dormir, pois a jornada tinha sido longa e dura.
Distancia percorrida – 123km
Tempo – 7h27
Alimetria – 2047m

4º dia – 5 Agosto ( Portomarin – Santiago)
Eram 6 da manhã, o dia estava a nascer e o pavilhão já estava praticamente vazio quando nós saímos. Tomámos o pequeno almoço junto à igreja e começamos a pedalar ás 7h30.
Foi um dia espectacular, marcado por um bonito sobe e desce com paisagens a fazer lembrar o Caminho Português, com muitos caminhos de terra cheios de sombras, e repletos com centenas de peregrinos, com quem íamos conversando ou simplesmente trocando “holá, bon camino” .
O almoço foi numa esplanada, atendido por uma senhora terrivelmente simpática.
Depois do esgotante dia anterior, tencionávamos fazer apenas 70-80km, para desfrutar mais do percurso e comunicar mais com os outros peregrinos.
A partir dos 70km começamos a procurar lugar nos albergues …. Mas estava tudo cheio, ou não podiam ainda receber-nos, uma vez que ainda esperavam peregrinos a pé, e estes tem prioridade sobre os ciclistas.
Passámos por um local muito simpático em Ligonde, onde existe uma fonte do peregrino e muitos voluntários oferecendo café e chá. Ainda conversámos um pouco com dois voluntários portugueses – os únicos portugueses com quem nos cruzámos durante o caminho.
Acabámos por ir pedalando e ficar no albergue do Monte do Gozo, onde chegámos por volta das 18h. Havia camas livres e as condições eram muito boas. Os quartos eram de 8, mas no nosso ficámos só nós… finalmente dormimos uma noite tranquila e confortável.
Depois de um banho, decidimos ir a Santiago (4,5Km), receber a Compostela e jantar. Fomos de bicicleta, mas com roupa de “sair à noite”, apenas com sapatos de bicicleta e (sem capacete, para não estragar o penteado!!).
Voltámos para o Monte do Gozo e depois de uma bebida no bar, uma bela noite de sono.

5º dia – 6 Agosto ( Santiago – Ourense)
Descemos para Santiago de Compostela, onde tomámos o pequeno almoço e passámos a manhã.
Tirámos fotos, fizemos compras, e era quase meio dia quando iniciámos o caminho de regresso até Bragança (300km)
Depois de uma descida até ao rio Ulla a 130m foram muitos kms de subida até mais de 850m de altitude.
Fizemos toda a viagem pela N225 e foi um desafio duro, pelas imensas subidas e porque eu estava com um tendinite no joelho. Só conseguia subir em mudanças leves.
Fiquei preocupado e pensei que talvez fosse mais sensato apanhar uma boleia e esperar pelos meus colegas em Ourense. Mas a boleia não apareceu e lá fui andando e suportando a dor no joelho, compensando fazendo mais força com a perna direita.
Aos 40km já tínhamos 900m de desnível acumulado.
Felizmente que depois de atingir o ponto mais alto do dia, as descidas apareceram e os 40km que no separavam de Ourense foram feitos em apenas 1h30.
A chegada a Ourense foi espectacular. É uma cidade muito bonita, junto ao rio Minho. Perguntámos por camping ou alberghue e alguém nos indicou o albergue de S. Francisco. Era muito acolhedor e o responsável um velho peregrino francês, que falava
pelos cotovelos, num espanhol afrancesado . Depois de um belo banho, tivemos apenas uma hora para jantar, pois o albergue fechava as portas às 23h.
Foi uma das noites em que melhor dormi, a cama era boa e nem dei pelos roncadores.

6ºdia / Agosto – Ourense – Chaves

Aquilo que pensávamos ser uma etapa fácil, revelou-se mais uma etapa com muitas subidas em que pedalámos 100km em 6h00 e uma altimetria de 1590m.
Foi numa espectacular descida até Verin que atingi a maior velocidade de toda a viagem – 76,9Km/h!
Chegados a Chaves e aproveitando os conhecimentos do nosso colega major, dormimos na messe de oficiais no quartel de Chaves – um verdadeiro luxo.
Um passeio por Chaves e um jantar junto ao rio e … descansar, porque amanhã ainda era preciso pedalar mais de 100km até chegar a Bragança.

7º dia 8 Agosto (Chaves – Bragança)
Para variar foi mais uma etapa em que as subidas se sucediam, passámos junto à praia fluvial de Valpaços e almoçamos um delicioso frango assado e entrecosto na Torre Dona Chama .
Pensávamos que a viagem fosse masi fácil, mas os 116km realizados em 7h08 e com uma altimetria de 2420m, revelaram uma das mais duras etapas desta aventura.
Chegámos a Bragança já depois das 18horas.
Jantámos e regressámos ás Caldas onde chegámos por volta das 3h da manhã.

Balanço final

- Tudo correu como planeado, a viagem foi espectacular e a relação com os meus companheiros de aventura foi óptima, sempre cordial e bem humorada.
- foi uma experiência inesquecível; nos dois primeiros dias descobrindo as belas paisagens da Serra da Cabrera: depois foi gratificante o contacto com os outros peregrinos, o ambiente nos albergues e a beleza das paisagens e dos monumentos.
- De realçar o estado de asseio dos albergues, bem como o bom estado e limpeza dos trilhos.
-Os peregrinos têm de uma maneira geral um comportamento impecável.
- Os albergues são muito frequentes e liderados por pessoas simpáticas.
- O percurso está muito bem assinalado .
- Existem muitos pontos de água e de boa qualidade.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Expedições em BTT - alguns conselhos

Preparação da bicicleta

Devido à dureza de algumas expedições, a escolha da bicicleta a utilizar é importante. Assim esta deverá ser o mais leve possível, mas ao mesmo tempo fiável nos equipamentos de que é montada, tendo sempre em conta a facilidade de manutenção.
Quando as etapas são longas, deverá evitar-se a utilização de bicicletas construídas em materiais muito rígidos (ex: alumínio, fibra de carbono) por estes aumentarem a fadiga. A incorporação de suspensão à frente é por assim dizer uma necessidade, e a suspensão total é de considerar se isso não significar um aumento excessivo de peso. No ideal uma bicicleta para esta travessia tal como a planeamos fazer, não deverá ter um peso superior aos 11,5 kg . Os acessórios que eventualmente se venham a fixar à bicicleta deverão ser o mais centrais possíveis. Devem evitar-se os alforges laterais quer à frente quer atrás, que desequilibram a bicicleta em descidas técnicas e zonas trialeiras.

Recomenda-se que a bicicleta seja minuciosamente revista em preparação para a expedição, dando especial atenção ao seguinte:
-
Substituir cabos e bichas das mudanças e travões
- Substituir corrente, cassete e rodas pedaleiras se a corrente não tiver sido mudada nos últimos 500 kms.
- Substituir o guiador se este for de alumínio e tiver mais de 1 ano.
- Limpar, verificar e substituir se necessário, ou lubrificar; caixa de direcção, cubos das rodas, centro pedaleiro e pedais.
- Verificar e corrigir o empenho das jantes
- Substituir os pneus se estes apresentarem desgaste. Aconselha-se o uso de pneus de carcassa resistente, para pisos duros com pedras.

Material de manutenção individual:

Durante as etapas da expedição aconselha-se os participantes a transportarem pelo menos:
- Uma câmara de ar
- Caixa de reparação de furos
- Jogo de desmontas
- Descravador de correntes
- Jogo de chaves tipo canivete
- Bomba
- Lubrificante para a corrente
- Um pedaço de arame ou cordeleta

Se houver carro de apoio levar muitas outras ferramentas e peças sobressalentes para eventuais reparações de maior porte no final das etapas . (Ex: pneus, rodas completas, desviadores, correntes, guiadores, cassetes, tubos de selim, selins, rodas pedaleiras, cranks, pedais e cleats, centros pedaleira, cabos de travão e mudanças, peças para travões de disco, calços, pastilhas, camâras de ar, raios, manípulos de mudanças, etc.).

Alimentação


Durante a travessia as principais refeições serão o pequeno almoço e o jantar. Assim o pequeno almoço deverá ser abundante e substancial (com a inclusão de cereais) . Cada participante deverá pois levar consigo, no carro de apoio a quantidade suficiente dos seus cereais preferidos para toda a travessia, já que na maioria das unidades hoteleiras onde se pernoita não é vulgar oferecerem cereais ao pequeno almoço.
O almoço (pic-nic) será constituído por pequenos lanches do tipo sandes e fruta no inicio ou no meio de cada etapa. Aconselha-se a levarem também como complemento as barras energéticas da vossa preferência.
O jantar em restaurante visará uma ingestão apreciável de hidratos de carbono e proteínas.
Não esquecer que uma boa hidratação é mais importante que uma boa refeição e portanto deverá levar água em quantidade (nalgumas etapas não existe possibilidade de reabastecimento). Seguir as indicações do guia para cada etapa. Aconselha-se o uso de CAMEL BAK de 3 litros em preferência aos cantis, já que aqueles não só transportam maior quantidade de água como a mantêm mais fresca durante mais tempo, ainda, os cantis e seus suportes prejudicam o transporte da bicicleta ao ombro.

Equipamento pessoal para a prática da actividade

Recomenda-se equipamento básico recaindo a escolha em roupa adequada à prática do BTT:
- 3 blusas de ciclismo de material transpirável
- 3 calções almofadados
- 1 impermeável ligeiro (tipo corta-vento)
- luvas
- capacete
- óculos
- sapatos de sola rígida
- meias transpiráveis
- fitas suadeiras para a cabeça


Outras coisas importantes a não esquecer:
- Protector solar
- Batom para o cieiro
- Creme "relax" para massajar as pernas.
- Pomada Halibut para evitar assaduras ( 2 bisnagas por pessoa )
- Pomada para furúnculos
- Detergente liquido para lavar roupa (tipo Soflan)

A estrada N 222 de bicicleta

INTRODUÇÃO A estrada N 222 tem 226km de extensão e liga Vila Nova de Gaia a Almendra (perto de Foz Côa). Atravessa uma das mais belas regi...