quinta-feira, 26 de setembro de 2019

A Estrada Nacional 2 - N2


A Estrada Nacional  - N 2

2ª parte – (Abrantes- Faro – 334km

 


Introdução

A N2 foi um dos grandes projetos do Estado Novo e teve como objetivo criar uma estrada que ligasse o país de Chaves até Faro, num percurso que seguisse a espinha dorsal do país, ao longo de 738km.


A N2 é a estrada nacional mais extensa de Portugal e a única que o atravessa de lés-a- lés. Passa por 36 municípios, cruza o interior de povoações e liga paisagens tão diferentes como montanhas da Trás-os-Montes, os socalcos do Douro, os vinhedos do Dão, as planícies alentejanas ou as praias algarvias. A N2 é a terceira estrada mais extensa do mundo, a seguir à rota 66 dos Estados Unidos da América (EUA) e à rota 40 da Argentina.

A N2 é uma manta de retalhos. Cruza alguns dos mais importantes rios de Portugal e Ibéricos, nomeadamente Mondego, Zêzere, Tejo, Douro, Paiva, Corgo, Dão, Tâmega, Ceira. Várias serras também fazem parte deste itinerário: Caldeirão (Algarve), Lousã (Coimbra), Montemuro (Viseu) e Marão (Vila Real). E transpõe algumas barragens: Montargil (Sôr), Cabril (Zêzere) e Aguieira (Mondego).

 

Por razões logísticas e atendendo a que pedalei a solo e em autonomia, dividi este desafio em 2 grandes etapas:
1 - Em Agosto viajei de comboio até Abrantes e durante 5 dias pedalei os 406km que separam Abrantes de Chaves ... e regressei a casa de bicicleta pela linha do Corgo, margens do Douro e costa de prata.

2 - No passado fim de semana, apanhei de novo o comboio até Abrantes e pedalei em 3 etapas  os restantes 334km até Faro.

Etapa 1– (sex, 20 set)

Abrantes – Montemor o Novo  (114km)

 



Depois de viajar até Abrantes no comboio Intercidades das 9h04, comecei a pedalar eram 10h00. À saída de Rossio ao Sul do Tejo cruzei o marco dos 407km.

A estrada seguia por um ondulado suave rodeado de bosque de pinheiro e sobreiro.

Bemposta foi a primeira povoação por onde passei, ao fim de 16 km. Fiz uma paragem no jardim para comer uma batata-doce assada.




Ao km33 passei por Ponte de Sôr. Depois de passar ao lado do Campus Aeronáutico de Ponte de Sôr, a N2 segue durante vários quilómetros paralela à albufeira de Montargil que me impressionou pelos níveis de água tão baixos.


Na povoação de Montargil parei para almoçar uma caldeirada de bacalhau.

Regressado à estrada, atravessei o paredão da barragem e continuei em direção a Mora, onde fiz um pequeno desvio para atravessar o interior da vila e onde  me cruzei com um casal de ciclistas ingleses com quem estive um pouco à conversa.




A partir de Mora e até Alcáçovas, a N2 passa a R2, porque foi desclassificado de estrada nacional para estrada regional.




Na pitoresca aldeia alentejana de Brotas visitei a igreja de Nossa Senhora de Brotas e enchi o cantil com a água que “brotava” da fonte da praça da igreja.


O quilómetro 500 foi ultrapassado na aldeia de Ciborro, onde parei para lanchar.




Eram quase 18h00 quando cheguei a Montemor-o-Novo com 114km pedalados. Continuei mais 5km até ao local de pernoita, no Hotel da Amieira. Depois de um banho peguei de novo na bicicleta e voltei ao centro da cidade para jantar no “Rei das Bifanas”.

Etapa 2 - (sab, 21 set)

Montemor o Novo - Castro Verde  (125km)

 

Depois de um bom pequeno-almoço, atravessei a cidade de Montemor e regressei à N2.

Nos primeiros quilómetros, o percurso foi bastante ondulado com subidas e descidas constantes. Na vila de Santiago de Escoural vale a pena fazer um pequeno desvio para visitar são a gruta de Escoural.


Em Casa Branca, começou a chover, pelo que me abriguei durante alguns minutos dentro da estação dos comboios. Foi aqui que cruzei o marco do Km538, que indicava que faltavam 200km para Faro.


A chuva parou e continuei mais 13 quilómetros até à bela e cheia de história vila alentejana de Alcáçovas, onde almocei.


Por entre o casario branco emoldurado com cores garridas, destaco a Igreja do Salvador, a Praça do Paço Real e a Capela das Conchas.


Até ao Torrão a estrada é uma enorme reta envolvida por extensas planícies salpicadas de sobreiros. O trânsito automóvel aumentou, porque a estrada voltou a ter classificação nacional.

A caminho de Ferreira do Alentejo, as extensas retas raramente são planas, mas antes um carrocel de suaves subidas e descidas.


Começou a chover uns quilómetros antes de passar no marco do km600, próximo da vila mineira de Aljustrel - uma das mais antigas povoações de Portugal, antiga cidade romana Vipasca, que foi conquistada aos árabes em 1234 pelo rei D. Sancho II – e ainda faltavam 23km para o final da etapa em Castro Verde. Nos primeiros quilómetros pedalei ao lado da antiga linha que transportava o minério das minas de Aljustrel.




 

Entretanto a chuva intensificou-se e a longa reta com pavimento em mau estado, demorou quase 2 horas a percorrer. Sem luz à frente, para minha segurança encostava-me à berma sempre que me cruzava com carros.

 

Já passava das 20h00 quando, molhado e com frio, cheguei ao Hotel A Esteva em Castro Verde. Depois de um reconfortante banho quente, fui jantar ao “Castro”.


 

Etapa 3 - (dom, 22 set)

Castro Verde – Faro  (96km)

 

Comecei a pedalar eram 10h00 depois de mais um "generoso" pequeno-almoço no Hotel A Esteva.

À saída de Castro Verde encontrei marco  do km642.


Os primeiros quilómetros foram muito rolantes e permitiram  que chegasse a Almodôver em menos de 1 hora.

A partir daqui e até S. Brás de Alportel começa o troço da N2 classificado como Rota Património. Este troço, que atravessa a serra do Caldeirão, foi construído nos anos trinta. São cerca de 60km (e mais de 300 curvas), num belo e tranquilo percurso que foi a primeira estrada nacional a ser classificada como “Estrada Património de Portugal. O pouco declive das subidas, tornam esta estrada muito agradável para os ciclistas.




Atravessada a serra cheguei a S. Brás de Alportel,  passei por Estói e continuei a descer até regressar ao nível do mar. Cheguei a Faro ao marco do Km738 por volta das 17h00.


Depois de uma volta pela cidade, em que visitei a zona antiga, fui lanchar uma pizza antes de apanhar o comboio intercidades das 18h14 que me trouxe de regresso a Lisboa, onde apanhei o comboio Regional até  à cidade de Santarém, onde tinha deixado o carro.

 



Balanço Final

Foi mais uma espetacular viagem de bicicleta, ao longo daquela que além de ser a mais longa, é também uma das mais belas estradas de Portugal, uma verdadeira tela de paisagens e localidades ricas em história e cultura.

A N2  é uma rota que qualquer cicloturista deve fazer um dia.

Podemos percorrê-la  usando diferentes meios de transporte (automóvel, moto ou bicicleta), mas a bicicleta continua a ser para mim, a melhor forma de usufruir ao máximo desta bela estrada, sem janelas a separar-nos do exterior. De bicicleta viajamos mais devagar e assim temos mais tempo para apreciar as paisagens, sentir os cheiros da natureza, visitar os pontos de interesse das povoações e experimentar as iguarias gastronómicas de cada região.


 


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