sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Autonomia de Kayak no rio Tejo - 4 dias a pagaiar de Vila Velha de Rodão a Santarém (120km)

Aproveitando o desafio lançado por uns amigos que pretendiam descer o rio Tejo em pranchas de SUP, decidi alinhar com eles, mas num kayak de expedição. Foram 4 dias de diversão e descoberta, durante os quais pagaiámos os quase 120km que distam Vila Velha de Ródão de Santarém. Etapas: 1º dia – Vila Velha de Ródão – Barca da Amieira (22km) 2º dia – Barca da Amieira – Abrantes (34km) 4º dia – Ponte da Golegã – Santarém (24km) 1º dia – Vila Velha de Ródão – Barca da Amieira (23km). Enquanto os meus companheiros viajaram de comboio, pois traziam pranchas insufláveis, eu tive que ir de carro até ao ponto de partida, pois o meu kayak de 5,20m não é possível de transportar em comboio.
Entrámos na água próximo do meio-dia e algumas centenas de metros depois, cruzámos a maravilha da natureza que são as Portas de Ródão, observados por dezenas de abutres (grifos) que nidificam naquelas falésias rochosas.
Até à Barragem de Fratel foram 18 km de grande tranquilidade, apenas quebrada pela passagem dos comboios da linha da Beira Baixa, umas das mais belas do nosso país. Sem ajuda da corrente e com o vento a soprar por vezes contra, chegámos à barragem por volta das 17 horas.
Chegados à barragem, houve que a transpor e reentrar na outra margem por baixo da ponte do comboio, numa operação que demorou quase duas horas. Retomámos a viagem, sempre ao lado dos passadiços da Amieira e foi já com lusco-fusco que chegámos a Barca da Amieira, onde montámos acampamento e jantámos.
2º dia – Barca da Amieira – Abrantes (34km). Nesta etapa continuámos pelo Alto Tejo, acompanhando os passadiços do “Caminho do Tejo” até à praia do Alamal, onde demos um mergulho, almoçámos e dormimos uma sesta à sombra de um salgueiro.
De volta ao rio, quatro quilómetros à frente, tivemos que fazer nova portagem para transpor a barragem de Belver. A seguir veio o troço mais radical e espetacular do rio Tejo cujos rápidos trouxeram alguma emoção à viagem.
Nas zonas mais rochosas, para proteger as embarcações, atravessámos à mão. Depois de mais uma paragem para um mergulho na praia fluvial de Alvega continuámos até Mouriscas onde era suposto terminar a etapa, pois já eram 18h00 e já tínhamos percorrido 25kms, mas o grupo optou por continuar.
Logo a seguir, no açude do Pego, enquanto eu decidi passar o kayak à mão, os meus companheiros em SUP arriscaram descer em cima da prancha, mas uma das pranchas partiu a quilha. A ausência de corrente, o cansaço e o vento de frente tornaram bastante lentos os últimos quilómetros até Abrantes, onde chegámos por volta das 22h00, apenas iluminados pela luz da lua que estava quase cheia. Depois de jantar e acampámos discretamente no parque ribeirinho de Abrantes.
3º dia – Abrantes – Ponte da Golegã (35km) Depois da rotina diária de tomar o pequeno-almoço e desmontar acampamento, iniciámos a 3ª etapa com a transposição do último obstáculo do Tejo - o açude de Abrantes- que nos obrigou a sair do rio pela margem direita e a retomar a viagem uma centena de metros depois do açude.
A partir daqui o rio Tejo espraia-se pela lezíria e vai serpenteando entre bancos de areia. Parámos em Constância para almoçar e descansar à sombra dos salgueiros. Retomámos a viagem passando pelo belo castelo de Almourol, logo a seguir Tancos e uma paragem mais demorada no parque verde de Vila Nova da Barquinha, durante a qual aproveitei para ir de comboio buscar o meu carro a Vila Velha de Ródão.
Depois de regressar com o carro, e como estava luar, optámos por pagaiar mais uns quilómetros aproveitando o fresco da noite. Acampámos num areal magnífico à beira do rio Tejo, com uma vista privilegiada para a ponte da Golegã.
4º dia – Ponte da Golegã – Santarém (24km) Depois de tomar o pequeno-almoço e desmontar acampamento iniciámos a última etapa por volta das 8h30. O rio estava com alguma corrente e o vento favorável, o que facilitou a nossa tarefa até à Chamusca.
Ao longo do caminho fomos fazendo algumas paragens para descansar e dar uns mergulhos nas muitas praias de areia branca e vegetação “quase tropical” e foi de novo à sombra de um salgueiro que almoçámos. Entretanto começámos a ver a cidade de Santarém ao longe lá no alto, onde chegámos pouco depois das 16 horas. Antes de ir para casa ainda tive que voltar a apanhar o comboio para ir buscar o carro a Vila Nova Barquinha.
Balanço E assim terminámos mais este espetacular desafio, que foi do agrado de todos os meus companheiros de viagem, sempre com boa disposição, mesmo ao fim de muitas horas a pagaiar. O rio Tejo é uma verdadeira descoberta, pois ao longo destes quase 120km de percurso, presenteia-nos com imensos locais de grande beleza paisagística. E meu velho kayak “Nelo” portou-se bem, apenas sofrendo alguns “arranhões” na passagem dos rápidos mais pedregosos.

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