O
Caminho de Santiago de Finisterra
Introdução
Depois de 13 peregrinações pelos
Caminhos de Santiago achei que era o momento para fazer o Caminho de
Finisterra.
Muitos peregrinos depois de darem um
abraço ao apóstolo no altar da Catedral de Santiago e receberem a sua benção,
continuam “ o caminho das estrelas em
direção ao mar, um perfeito epílogo para terminar a peregrinação, sossegar a
alma e purificar o corpo nas águas revoltas do Atlântico na Costa da Morte”.
1ª
etapa – Santiago – Córcubion (74km)
A viagem para
Santiago fez-se de carro. Depois de uma paragem em Ponte de Lima para pernoitar
na Pousada da Juventude, no dia seguinte cheguei a Santiago pouco depois das
9h00. Estacionei o carro em parque não pago, a cerca de 500m da Catedral,
comecei a pedalar eram cerca de 10h00.
O tempo estava
cinzento, mas agradável para andar de bicicleta. Os primeiros quilómetros do
percurso são muito bonitos, sempre verdejantes e através de bosques com
caminhos muito bem cuidados e ladeados por muros de pedra.
Como era Semana
Santa encontrei muitos peregrinos pelo caminho, o que me fez ficar apreensivo
em relação à lotação dos albergues. Por precaução, em Negreira comprei um colchonete
numa loja chinesa, para a eventualidade de ter que dormir no chão.
O primeiro ponto de
interesse desta etapa foi a ponte medieval do rio Mazeira, que fica perto de Negreira, uma vila de média dimensão.
A partir daqui o
tempo piorou. Entre Negreira e Oliveiroa apanhei uns pingos
de chuva. Neste troço atravessei muitas quintas e pequenas aldeias
rurais, onde parece que a grande indústria por estas bandas é a produção de
estrume, cujo cheiro nos persegue durante vários quilómetros.
Pelo meio apanhei uma
íngreme subida que teve que ser feita a pé e que passa por um miradouro de onde
se avista a barragem de Fervenza.
Depois de Hospital cheguei a um cruzamento onde tive de decidir se ía por Múxia ou por Corcubión. Como a previsão meteorológica para o dia seguinte era de chuva e vento de sul, optei por seguir por Cee e Corcubión.
Depois da bifurcação, foi sempre debaixo de chuva e nevoeiro que
percorri os últimos 15 quilómetros até ao albergue de S. Roque (Corcubión) onde pernoitei. Um simpático hospitaleiro e um
grupo de espanhóis muito animados, tornaram o serão uma festa com um karaoke
improvisado. O jantar foi confecionado pelo hospitaleiro, tal como o pequeno-almoço
…e o pagamento foi donativo.
2ª etapa
Corcubion - Finisterra – Múxia –
Oliveiroa (76km)
Depois de um pequeno-almoço
no albergue, iniciei a 2ª etapa e foi debaixo de chuva que percorri os primeiros
quilómetros bordejando a bela praia de Longosteira até ao cabo
Finisterra.
A paisagem é muito
bonita mas a chuva e o vento tornou dura a chegada ao cabo de Finisterra, onde
tirei umas fotos e carimbei a credencial no restaurante do hotel.
Regressei a Fisterra para apanhar o caminho para Múxia. Entretanto o tempo melhorou e foi
possível desfrutar de uma caminho muito bonito, com belas vistas sobre o mar da
Costa da Morte. Depois de passar por Lires,
onde existe um café e albergue, foram vários quilómetros a subir até Lourido.
Depois de uma enorme descida comecei a avistar Múxia e foi sempre à beira do mar que fiz a aproximação a esta bela vila e cheguei ao Santuária da Virgem da Barca,
local bonito e cheio de história. Esta igreja, que fica em cima do mar, foi
muito maltratada há acerca de 2 anos a quando dos violentos temporais naquela
costa.
Contornei o monte e foi
com um belo sol, num jardim em frente da marina que almocei.
Entretanto iniciei o
caminho de regresso a Santiago, o objetivo foi dormir em Oliveiroa. Mas tive algumas dificuldades em encontrar o caminho de
regresso em direção a Dumbría, pois
as setas estavam marcadas a pensar em quem vai na direção oposta. Felizmente
levava GPS que me permitiu avançar sem grandes enganos.
Este troço não é
particularmente bonito, menos verdejante e com muito eucalipto.
Passei em Dumbría, uma povoação bem cuidada e
voltei a passar na rotunda da bifurcação e depois foi sempre a descer até Oliveiroa, onde pernoitei no albergue privado
Casa Loncho, que possui valências de
albergue, residencial e restaurante. Esta aldeia é um bom exemplo de uma
pequena povoação que foi revitalizada para dar apoio aos inúmeros peregrinos que
por ali passam.
3ª etapa - Oliveiroa-Santiago (55km)
Este foi a etapa de
regresso a Santiago. Faltavam cerca de 55km para Santiago e saí por volta das 9h00,
depois do pequeno-almoço no restaurante da Casa
Loncho.
A meteorologia
esteve boa, mas não foi uma etapa fácil. O caminho é muito ondulado, com
subidas mais acentuadas e mais compridas no sentido de Santiago, que obrigaram
a vários bocados com a bicicleta à mão. Nos primeiros 20km o cheiro a estrume
foi uma constante e uma tendinite no joelho obrigou-me a defender ainda mais.
Em Negreira, fiz uma pequena paragem para
lanchar junto a uma avenida de pequenas lojas.
Os últimos
quilómetros foram um verdadeiro carrocel de subidas e descidas, com trilhos
muito bonitos pelo meio de bosques densos, donde se começa a avistar ao longe
as torres da Catedral. Depois de atravessar a Ponte Sarela, fiz a última subida até à praça do Obradoiro, que estava repleta de peregrinos,
pois estávamos em plena Semana Santa.
Comprei algumas
lembranças, fui à oficina do peregrino carimbar a credencial e regressei ao
carro.
E assim concluí mais
uma peregrinação a Santiago, desta vez pelo Caminho de Finisterra, caminho que
encerra muitas histórias e lendas e belas paisagens.
1 comentário:
Grande "Lobo Solitário"!
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