De bicicleta ao longo da linha do Oeste
A maioria de nós, quando viaja de comboio, passa
por locais que gostaria de visitar um dia. E a linha do Oeste, ao longo dos
seus mais de 200km, tem muitos motivos de interesse… e a bicicleta é um
excelente meio de visitar esses locais, nalguns casos locais inacessíveis aos
automóveis.
Há uns meses atrás viajei de comboio até Coimbra,
pela Linha do Oeste e ao apreciar a paisagem, idealizei logo que um dia haveria
de fazer aquele trajeto de bicicleta. Nas semanas seguintes fui preparando um
percurso que me permitisse pedalar por caminhos e estradas secundárias, sempre
próximo da linha do comboio.
E há algumas semanas atrás pus-me ao caminho...
Na estação
das Caldas apanhei o comboio das 11h15 em direção a Coimbra B e duas horas depois
já estava na estrada a pedalar de regresso a casa, percorrendo os cerca de
170km do percurso em duas etapas.
Os primeiros quilómetros foram feitos numa tranquila
estrada entre o Choupal e o rio Mondego e foi sempre com o rio Mondego por
perto que cheguei a Alfarelos.
Logo a seguir à estação de Verride ninguém fica
indiferente às ruínas do imponente Mosteiro de Verride, que está ao abandono
desde o final do séc. XIX, altura em que o rei D. Pedro IV decretou a extinção das
ordens religiosas masculinas.
Mais à frente, a passagem pela estação da Amieira
foi outro momento especial, pois esta estação como que parou no tempo, já que
conserva intacta a decoração de há várias décadas atrás, quando servia a
estância termal Banhos d´Amieira que teve o seu período o áureo na primeira
metade do séc. XX e hoje está completamente em ruínas.
Aproveitando
as águas termais que jorram livremente, a autarquia de Soure construiu junto à
estrada uma pequena piscina de acesso livre.
Já próximo do final da etapa fui surpreendido por
outro monumento imponente, também em ruínas, o Mosteiro do Louriçal.
E a primeira etapa terminou em Coimbrão, aldeia
próximo de Monte Redondo, onde pernoitei num tranquilo camping no meio da
povoação.
Na segunda etapa, a primeira paragem foi na
conhecida estância termal Monte Real e a partir daqui e até à estação de
Leiria, continuei por um estradão de terra pelos Campos do rio Liz.
Foi por estradas secundárias que atravessei a
Marinha Grande, onde a estação fica em pleno epicentro da indústria vidreira.
Em Pataias, a “mega” fábrica de cimento foi estrategicamente
construída mesmo ao lado da estação do comboio. Continuei pelos pinhais até Valado
dos Frades.
A partir daqui
o pinhal deu lugar às várzeas do Vale da Cela e entretanto cheguei a S.
Martinho do Porto, o único local da linha do Oeste que quase toca o mar.
E
pelos pinhais de Salir do Porto e Chão da Parada percorri os últimos
quilómetros até à estação das Caldas da Rainha.
O principal balanço que faço desta viagem é que ao longo da linha do
Oeste existem diversos motivos de
interesse e que a combinação entre o comboio e a bicicleta permite explorar de ângulos
diferentes todo este património. Quem sabe se um dia neste percurso possa vir a
ser criada a
Grande Rota da Linha do Oeste…
1 comentário:
Muito bem.
Abraço
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