Diário da última etapa do projeto volta à península ibérica em bicicleta
(1130km) – a transpirinaica
Introdução
Com a realização da travessia dos Pirinéus eu e o meu amigo Jorge Monteiro concluímos o projeto de contornar
toda a Península Ibérica em bicicleta. Este desafio foi iniciado em 2012 e foi
sendo realizado por etapas e durante as férias de verão.
Em 2012 pedalámos durante 8 dias pela costa norte de
Espanha (951km). Em 2013 recomeçámos em Ribadeo
e durante 9 dias pedalámos pela costa da Galiza
e Minho (955km). Em 2014 percorremos durante
7 dias a costa da Andaluzia (791km). Durante
o ano de 2015 fizemos a costa portuguesa (900km). Em 2016 completámos a ligação entre Barcelona a Almeria (1068km). E este verão concluimos este desafio pedalando
1130km entre Barcelona a Roses e continuando com a travessia dos Pirinéus, desde o Mediterrâneo até ao Atlântico.
Os protagonistas
Jorge Monteiro - Vítor Milheiro
O percurso realizado
As etapas
Etapa 1
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Barcelona – Lorett del Mar
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82km
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Etapa 2
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Lorett del Mar - Roses
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118km
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Etapa 3
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Roses – Ribes de Freser
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126km
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Etapa 4
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Ribes de Freser – Moli de Fornolls
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86km
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Etapa 5
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Moli de Fornolls - Llavorsy
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85km
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Etapa 6
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Llavorsy – Torre de Cabdella
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66km
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Etapa 7
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Torre de Cabdella – Pont de Suert
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58km
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Etapa 8
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Pont
de Suert – Vale Garona
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85km
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Etapa 9
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Vale Garona - Oto (Ordesa)
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80km
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Etapa 10
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Oto (Ordesa) - Ansó
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117km
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Etapa 11
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Ansó - Orbaizeta
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89km
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Etapa 12
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Orbaizeta - Sunbilla
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97km
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Etapa 13
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Sunbilla - Hondarribia
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42km
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Total ----------------------- 1131km
Total transpirinaica ------ 931km
Etapa 1 – 22 julho (Barcelona - Lorett de
Mar) – 82km
Depois de viajarmos
na véspera, entre Portugal e Barcelona, na manhã de sábado visitámos Barcelona
de bicicleta, passando por alguns dos locais mais emblemáticos desta bela
cidade, como a Sagrada Família, o Bairro Gótico, o Arco do Triunfo, as Ramblas…
Depois de almoço realizámos o percurso entre Barcelona e Lloret del Mar. Foi um passeio tranquilo, sempre à beira mar, quase sempre em ciclovia, intercalado com pequenas paragens para uns mergulhos nas águas tépidas do mar mediterrâneo.
Em Piñeda del Mar uma avaria no selim, obrigou-nos a procurar uma casa de ferragens para substituir a peça partida. No final do dia ainda houve tempo para um mergulho na piscina do camping e um passeio pelo centro da cidade.
Etapa 2 – 23 julho (Llorett de Mar-
Roses) – 118km
No 2º dia passámos por praias muito bonitas, encaixadas numa costa muito recortada, que obriga a um constante sobe e desce até Sant Feliu de Guixóls.
Só depois de Palamós, onde demos mais um mergulho e almoçámos, é que o percurso
se tornou mais suave. A partir daqui, e devido à existência de zonas alagadiças tivemos que nos
afastar do mar e foi assim até Torroela
de Montgri. Passámos ao lado das ruínas romanas de Empúries perto da praia de L´Escala
e em Castelón d´Empúries seguimos pela
via rápida até à praia de Roses, onde
enchemos uma pequena garrafa com água do Mar Mediterrâneo,
com o objetivo de a despejar no Oceano Atlântico, como ato simbólico da
concretização da Transpirinaica.
Já no parque de campismo e quando nos
preparávamos para comer uns frangos assados, fomos surpreendidos por uma
enorme chuvada, que nos obrigou a jantar no alpendre dos balneários. Esta
seria a única chuvada que apanhámos durante toda a viagem.
Etapa 3 – 24 julho (Roses – Ribes de
Freser) – 126km
Neste dia deixámos o mar e começou a transpirinaica. A primeira paragem foi em Figueres onde visitámos o teatro–museu Salvador Dali. Depois apanhámos a N-260 até Besalú e entrámos na zona vulcânica de Garrotxa, onde merece destaque a aldeia de Castellfollit de la Roca, construída ao longo de um penhasco basáltico que resultou da confluência de duas correntes de lava.
Depois de passar Olot, o objetivo era Rippoli, mas como o túnel estava vedado às bicicletas tivemos que
subir cerca de 14km até Sant Pau de
Segúries, por uma estrada secundária muito bonita e tranquila, que em
vários pontos se cruzava com uma antiga via romana. E depois
foram 6 quilómetros a descer a boa velocidade até Sant Joan de les Abadesses, povoação muito antiga e repleta de
monumentos românicos.
Uns quilómetros
depois chegámos a Rippoli, outra cidade
com um centro histórico muito rico em monumentos. Estávamos em pleno Vale de Núria e o objetivo era terminar a etapa em Campdevanol, mas com o camping esgotado
tivemos que pedalar mais uns quilómetros ao lado do rio Freser até ao camping de Ribes
de Freser.
Etapa 4 – 25 julho (Ribes de Fresser - Moli de Fornolls) – 86km
Depois de uma noite tranquila e repousante, iniciámos a 4ª etapa equipados para 2 dias em autonomia, enquanto a nossa assistência iria passar dois dias em Andorra. Depois de Campdevanol continuámos até Pobla de Lillet onde se destaca uma bela ponte gótica.
Depois de passar por
Bagá (alt. 760m) foram necessárias 4
horas a subir para chegar aos prados verdes repletos de vacas a pastar
(alt. 1950m). Não foi uma subida fácil, pois as bicicletas iam carregadas e
nalguns troços o declive era superior a 10%. Mas, quanto mais subíamos maior
era a beleza e grandiosidade da paisagem.
Foi nesta zona que
tivemos um pequeno stress, quando um
touro, depois de nos avistar, começou a mugir e a caminhar na nossa direção. Já
estávamos a planear um plano de fuga, mas o touro mudou de ideias e continuou
em direção aos bebedouros e nós aproveitámos para fugir rapidamente dali.
Seguiu-se uma
descida espetacular, que começou em estradão, continuou pelos prados verdes e
depois por um caminho pedregoso.
Foi durante esta descida e já em estrada
que passámos pelas belas aldeias de Josa
de Cadi e de Tuixent, a caminho do vale onde pernoitámos no camping de Moli de Fornolls.
Ao longo desta etapa
desfrutámos de várias perspetivas do magnífico rochedo da Pedraforca com os seus 2 cumes com mais de 2400m, meca de
alpinistas, onde se encontram os melhores locais de escalada da Catalunha, com paredes verticais de
cerca de 800m na face norte.
Etapa 5 – 26 julho ( Moli de Fornolls -
Llavorsi ) - 85km
Na 5ª etapa o dia amanheceu fresco e o sol demorou algumas horas a chegar ao vale.
Começámos logo a
subir por uma estrada tranquila, com bom piso até ao colo, próximo da aldeia
abandonada de Coldarnat (alt. 1250m).
A partir daqui foi sempre a descer até Noves
de Segre, por vezes por caminhos pedregosos e com bastante declive. No vale
esperámos pela assistência que nos trouxe comida, pois ao longo do caminho não
encontrámos nenhum café ou minimercado. Aproveitámos para deixar alguma bagagem
usada para acampar na noite anterior, durante a etapa que realizámos em autonomia. Logo
à saída de Noves de Segre (alt. 670m)
enchemos os cantis numa fonte de água fresca e comecámos a subir. A primeira
parte da subida foi em terra até perto de Argestues,
onde aproveitámos para dormir uma sesta no alpendre da igreja e encher de
novo os cantis.
Passámos em Canturri (alt. 1400m) e continuámos a
subir até chegarmos a uma floresta num planalto a 1700m, por onde pedalámos
durante muitos quilómetros. Passámos por uma antiga casa de guardas florestais,
por um luxuoso albergue de montanha e por uma igreja muito original. Depois
voltámos a descer vertiginosamente por mais uma estrada pedregosa. E foi nesta
descida desconfortável e cansativa, a caminho de Montelartro, que o meu companheiro de viagem bateu violentamente
numa pedra e rebentou o pneu de trás. A etapa terminou em Llavorsi, vila onde a canoagem e o
rafting são desporto rei. Pernoitámos num bonito camping mesmo ao lado do rio e
adormecemos a ouvir a água do rio a correr.
Etapa 6 – 27 julho
(Llavorsi – Torre de Cabdella) – 66km
Esta foi para mim a etapa rainha desta travessia, não só pela altitude, mas também pela beleza e imponência da paisagem. Depois de alguns quilómetros na estrada nacional, virámos à esquerda e começámos a subir por uma estrada em muito mau estado, que passava em Arestui e Baiasca, (alt. 1200m). E continuámos a subir durante mais 15 quilómetros.
A paisagem era realmente deslumbrante e assim
continuou durante as várias horas e os cerca de 20 quilómetros em que
andámos acima dos 2200m. Depois da floresta, que vai até aos 2000m,
entrámos nos prados verdes, salpicados de centenas vacas, cavalos e ovelhas a
pastar, rodeados de alguns cumes próximo dos 3000m. Pelo caminho passámos por 3
refúgios de montanha.
Eram quase 19h
quando avistámos a aldeia de Espui (alt. 1150m) no fundo do vale e em menos de meia hora descemos cerca de 20km, sempre em zigzague por
um caminho de terra . Depois de atravessar Espui continuámos mais 4km até ao
camping de Torre de Cabdella.
Etapa 7 – 28 julho (Torre de Cabdella – El Pont de Suert) - 58km
Começámos a pedalar eram 9h30 e alguns quilómetros depois de Pont de Suert virámos à direita e começámos a subir a caminho de Astell. A seguir à aldeia entrámos num single-track que se foi tornando num pedregoso caminho completamente não ciclável. Foram precisas algumas horas para chegar ao colo de Oli (alt. 1506m), boa parte a subir com a bicicleta às costas e durante a descida que veio a seguir o piso não melhorou, o que nos obrigou a desmontar da bicicleta várias vezes.
A descida continuou e o piso foi melhorando até Sentis (alt. 1200m), mas seria sol de pouca dura, pois voltámos a
subir para passar outro porto de montanha (alt. 1500m). E logo a seguir outra descida,
agora em alcatrão, com curvas muito apertadas e grande inclinação. No vale, aproveitamos
para encher os cantis junto a um campo de férias de jovens e voltámos a subir,
passando pelas aldeias de Sas e Erta, onde abastecemos de água antes de
continuar a subir até novo porto de montanha do dia (alt. 1600m). Foi aqui que
nos cruzámos com alguns “bttistas” e com um ciclista, vítima de uma queda que estava
ferido e cheio de sede, com quem partilhámos a água do nosso bidon. Voltámos a descer bastante e foi nesta zona que o Jó teve
o segundo furo da viagem. Depois de remendar o furo, continuámos a descer, com
mais cautela, pois as curvas estavam perigosas devido às areias se vão
desprendendo do alcatrão.
Antes de chegar a Pont
de Segur, passámos por Malpás,
aldeia muito bonita, onde descansámos à sombra de umas arcadas com um largo
simpático com um chafariz, em cujo tanque aproveitámos para mergulhar os pés. Depois de
mais alguns quilómetros de sobe e desce, chegámos finalmente a El Pont de Suert. Depois de um mergulho na piscina, fizemos uma revisão às bicicletas.
Etapa 8 – 29 julho (El Pont de Suert – Vale Garona) - 85km
Saímos do camping preparados para mais 2 dias em autonomia. Começámos a subir em direção a Bonanza (alt. 1400m) onde fizémos uma breve paragem para beber uma coca-cola. Seguiu-se uma descida espetacular através de um vale muito bonito.
Nova subida até apanharmos a N-260 e depois
mais uma espetacular descida até ao cruzamento para Gabás, onde apanhámos um caminho de terra e depois uma
descida com piso em muito mau estado até Seira, onde de novo na N-260 pedalámos
durante alguns quilómetros ao lado do rio Esera, apreciando as excelentes condições deste rio para canoagem de
águas bravas. Junto à barragem da Central
de Argoné (alt. 680m) virámos para Senz
e continuámos para Viu (alt. 1020m) onde
lanchámos, antes de entrar no Vale de
Garona.
A partir daqui foi sempre a subir, muitas vezes com declives que nos
obrigavam a desmontar da bicicleta. Passámos por um refúgio, mas decidimos
continuar até perto da Peña Montanñesa
(alt. 1450m) onde acantonámos num abrigo feito com troncos e um toldo que levávamos
na bagagem. Estava uma noite ótima e adormecemos a ver a lua a passar por cima
das montanhas.
Etapa 9 – 30 julho (Vale Garona -Oto (Ordesa) - 80km
Levantámo-nos cedo e às 7h50, depois de desmontar o toldo e comer qualquer coisa, já estávamos a pedalar. Ainda subimos mais um pouco até ao acesso à montanha de Peña Collada (alt. 1560m). Seguiu-se mais uma longa descida até Laspuna. Nesta altura ambas as bicicletas estavam com problemas mecânicos, uma nos travões e outra no eixo traseiro.
Na povoação de Escalona, que fica no vale (alt. 670m),
soubemos que havia uma oficina de bicicletas em Ainsa. Reparadas as bicicletas
voltámos a Escalona para apanhar a estrada HU-631 que segue junto ao rio e passa pelo trilho do Cañon de Anisclo. Mas devido a um desabamento
esta estrada estava encerrada, pelo que tivemos que seguir por uma estrada alternativa que passava em Buerba e Vió.
Perto de Puyarruego e antes de iniciar a longa
subida para Vió, parámos para mais uma banhoca na praia fluvial de rio Vellos.
Durante a subida até
ao alto de Fanlo (alt. 1540m),
estivemos à conversa com uma ciclista madrilena, que também estava a fazer a
transpirenaica com uns amigos. E voltámos a descer durante vários quilómetros até
Sarvisé, antes de virar para Ordesa. E o dia terminou com um banho na piscina e umas febras grelhadas no camping de Oto
(alt. 880m).
Etapa 10 – 31 julho (Oto (Ordesa) - Ansó – 117km)
Antes de iniciar a décima etapa parámos em Broto para comprar comida e continuámos a descer até Sarvisé e Fiscal, onde apanhámos a N-233 para nova subida até um porto de montanha (alt. 1500m), com passagem por um longo túnel antes de iniciar uma espetacular descida até Sabinanigo, onde atingimos 74km/h. Depois de comprar mais comida, continuámos até Jaca pela estrada que segue pelo vale, evitando assim um porto de montanha acima dos 1500m. E foi a rolar a grande velocidade que chegámos a Jaca, importante cidade porta de entrada para os Pirinéus, depois de vários quilómetros a pedalar na roda de um ciclista de estrada. A paragem seguinte foi em Castiello de Jaca, onde almoçámos à sombra junto a um rio, num local de passagem do caminho de Santiago Aragonês.
E voltámos a subir
durante vários quilómetros para ultrapassar mais um porto de montanha antes de
descer para Aisa, onde lanchámos antes
de voltar a subir acima dos 1100m antes de apanhar a descida para
Jasa.
Depois de mais
uma descida espetacular, parámos junto a uma praia fluvial para mais um
mergulho. Com uma nova energia, retomámos o caminho sempre ao lado do rio até Echo onde virámos à esquerda. Depois de mais uma subida, iniciámos a última descida do dia, através de um desfiladeiro e 2 túneis. E finalmente chegámos ao camping de Ansó, precisamente 12 horas e 117km depois de termos montado na bicicleta.
Etapa 11 – 1 agosto (Ansó - Orbaizeta –
89km)
Depois de passar no centro histórico de Ansó, onde comprámos comida, pedalámos durante vários quilómetros pelo vale de Ansó, sempre à beira do rio Veral. A seguir ao imponente desfiladeiro subimos até aos 1200m antes de descer para Isaba. Uns quilómetros depois de Uztarroz, antes de subir até novo porto de montanha, almoçámos com a nossa assistência.
Retomámos a viagem em direção à fonteira com França e passámos numa estância de ski de fundo, onde deixámos o alcatrão para continuar por um espetacular single track que atravessa uma floresta densa. No vale entrámos de novo numa floresta por onde fomos subindo até aos 1320m antes de nova descida por um estradão com bom piso até Casas de Irati onde apanhámos a ecopista do embalse de Irábia, que durante alguns quilómetros acompanha a barragem até ao paredão. A partir daqui seguimos por uma estrada de cimento, sempre a subir até aos 1100m, onde iniciámos uma última descida até à entrada do parque natural de Arrazola onde havia num acolhedor “open camping” e uma zona de piquenique onde cozinhámos um belo jantar com que terminou esta jornada.
Etapa 12 – 2 agosto (Orbaizeta -
Sunbilla – 97km)
Depois uma noite tranquila, iniciámos a penúltima etapa passando por Orbaizeta, outrora uma importante fábrica de armas e hoje completamente em ruínas. Continuámos a subir mais 17km até Roncesvalles (alt. 900m), primeiro local de descanso de peregrinos depois de atravessarem os Pirinéus Franceses.
Roncesvalles é um
pequeno “pueblo” religioso onde todos os anos milhares de peregrinos iniciam o
caminho francês de Santiago e onde se destacam a singela Igreja de Santiago do séc. XIV
e a imponente Igreja de Santa Maria com os seus belos claustros.
Continuámos a
subir até ao porto de montanha onde fica a capela do Puerto de Ibarreta
(alt. 1080m), local de passagem dos peregrinos que vem de Sant Jean de Luz. Aqui virámos à esquerda em direção ao antigo
posto fronteiriço e já em território francês, descemos durante largos
quilómetros por uma bonita e tranquila estrada, até à vila francesa de Banca (alt. 280m) onde tudo à nossa
volta era verde salpicado de belas casas de montanha.
Depois de um almoço
à base de barras energéticas e fruta, e em plena hora do calor, iniciámos aquela
que seria a última subida desta viagem, com bom piso, mas grandes declives.
Depois de mais um porto de montanha, entrámos de novo em Espanha e sempre
rodeados de uma paisagem verdejante, iniciámos
mais uma longa descida até Erratzu (alt. 280m).
A partir daqui foi sempre por boas estradas e a perder altitude lentamente, que chegámos a Elizondo, vila muito bonita e com muitos pontos de interesse, onde finalmente pudemos comprar comida “decente” e alguns souvenirs.
De volta à estrada
foi a bom ritmo que chegámos à povoação de Sunbilla, mas para chegar ao
camping, que ficava fora da vila e num local alto, foi preciso
subir uma rampa final de categoria especial.
Etapa 13 – 3 agosto (Sunbilla - Hondarribia) – 42km
E finalmente a última etapa. Foi uma etapa tranquila e sem grandes desníveis pela estrada que segue junto ao rio Bidasoa. Perto de Irun atravessámos a ponte para o lado de Hendaya e continuámos pela ciclovia que segue ao longo da margem. E foi um momento fantástico quando, cinco anos depois, regressámos à estação de comboios de Hendaya, depois de termos concretizado com sucesso o desafio de pedalar contornando toda a península Ibérica, numa extensão total superior a 5500 quilómetros.
Tirámos
fotos nos mesmos locais de há cinco anos atrás e voltámos à estrada para
concluir o outro desafio – a transpirenaica. Ainda faltava chegar à praia de Hondarribia, onde simbolicamente despejámos
no Oceano Atlântico a água que transportámos desde a praia mediterrânica de Roses, durante mais de 930km.
Balanço Final
Foi a mais
espetacular expedição que fiz até hoje.
É uma
combinação perfeita viajar de bicicleta, esse espetacular veículo que nos permite
contemplar com todos os sentidos tudo aquilo que nos rodeia, desfrutando de
paisagens espetaculares, montanhas a perder de vista, cidades de grande riqueza
histórica e cultural e belas aldeias esquecidas no meio da montanha. Aquilo que mais me marcou foi o prazer de pedalar tantas horas em locais tranquilos e em perfeita sintonia com a natureza e contemplar a imensidão, a grandiosidade e a beleza das montanhas.
Foi com grande satisfação que concluí este desafio, em que para além dos muitos quilómetros pedalados, implicou alguns custos financeiros e familiares e que nos obrigou a muitas horas de planeamento (percurso, datas, deslocações, dormidas, etc.).
Tudo correu bem
a nível logístico, físico, mecânico e relacional.
Em termos
mecânicos tivemos apenas dois furos e foi preciso mudar as pastilhas dos travões
e reparar o eixo traseiro.
A nível físico
nada a registar e no plano logístico foi uma mais-valia termos carro de assistência,
que nos permitiu viajar a maioria das etapas com pouca bagagem.
A nível
relacional mais uma vez existiu um bom entendimento entre os dois, nunca deixámos
que o cansaço, as condições climatéricas ou os contratempos afetassem o bom clima.
Soubemos sempre respeitar as diferenças de opinião e foram sempre pacíficas as
decisões relativas ao percurso, à alimentação e aos locais de dormida. E a boa
disposição foi uma constante, conseguíamos rir e dizer piadas mesmo durante as
subidas mais difíceis.
Vítor Milheiro' 2017
3 comentários:
Grande aventura, superiormente superada.
Parabéns aos dois amigos e aventureiros do pedal.
abraços
Fantástico!!!
Boa Vitor. Parabens. Continua com essa Força. Abraço Luis Inocêncio
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