3 a 11 de Agosto de 2013
Etapas
3 Ago
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Ribadeo – Foz
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36km
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4 Ago
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Foz – Valdoviño
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138 km
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5 Ago
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Valdoviño - Sada
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87km
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6 Ago
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Sada – Malpica de Bergantinos
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95km
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7 Ago
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Malpica de Bergantinos- Finisterra
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94km
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8 Ago
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Finisterra – Boiro
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117km
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9 Ago
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Boiro – Redondela
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110km
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10 Ago
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Redondela –(La Guarda) – Ofir
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134km
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11 Ago
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Ofir – Porto - Aveiro
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144km
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TOTAL 955km
INTRODUÇÃO
Em 2012 iniciámos o projeto da Volta à Península Ibérica em
bicicleta, pedalando pela costa norte de Espanha desde Irun até Ribadeo, que
coincide com o caminho de Santiago do Norte, por isso, em Ribadeo continuámos até Santiago de Compostela.
Em 2013 o desafio foi recomeçar em Ribadeo e pedalar 760kms pela
Costa da Galiza até à fronteira com Portugal. Como ainda tínhamos
2 dias, continuámos até Aveiro onde apanhámos o comboio de regresso a casa, o que deu um total de 955kms.
Etapa 1 Ribadeo – Foz (36km)
Saímos das Caldas da Rainha por volta das 7h30 da manhã e
percorremos de carro os 650km que distam até à cidade de Ribadeo onde chegámos às 16h15 (hora de Espanha).Estamos muito agradecidos ao João e à Anabela que nos deram boleia até ao ponto de partida. Equipámo-nos, montámos
os alforges nas bicicletas e começámos a pedalar às 17h00.
Foi um percurso tranquilo de 36km até à Foz, quase sempre plano e à
beira do mar. Pelo caminho passámos por um antigo viveiro de peixe, por belas e tranquilas praias,
envolvidas por campos verdejantes e muitas vivendas sobre o mar.
Existe uma espetacular ciclovia que passa pelas
várias praias da região, das quais a mais bela e famosa é a praia Las Catedrales, que deve o seu nome
turístico à forma peculiar das arribas no lado oriental, cuja forma faz lembrar
uma catedral medieval devido aos arcos naturais, os quais só é possível
apreciar a pé durante a maré baixa, pois durante a maré alta as grutas e parte
dos arcos estão submersos.
Etapa 2 - Foz
– Valdoviño (138km)
Como ontem nos deitámos tarde, hoje só começámos a pedalar pelas 10h00. Continuámos a passar por belas praias encaixadas entre
falésias e rochas, como a praia da Areoura.
Passámos em Nois e em O Vicedo onde comprámos comida numa
padaria, pois como era domingo estava tudo fechado. Próximo de Lieiro, passámos por uma grande fábrica
de alumínio e por uns viveiros de peixe. Mais à frente na praia de
Morás tomámos um banho e almoçámos numa sombra à beira-mar. Depois de
passar Ortigueira havia a opção de
visitar Estaca de Bares, o
cabo mais a norte da península ibérica, mas não fizemos essa opção e continuámos em direção
à praia do Porto do Barqueiro.
Etapa 3 - Valdoviño – Sada (87km)
Começámos a pedalar às 9h00 e voltámos a ter um dia duro com
muitas subidas e alguns quilómetros sem ver
o mar. A cidade de Ferrol já se avistava ao
longe, mas optámos por seguir pela costa e foi uma boa aposta, pois passámos por
locais muito bonitos numa estrada secundária com espetaculares vistas para o mar e via-se La Coruña ao fundo. Foi
espetacular a entrada na ria de Ferrol,
guardada por duas imponentes fortalezas.
Chegámos a Ferrol
pelas 15h00 e almoçamos nuna "tasca" da feira medieval, que estava a decorrer
no jardim da cidade. Descansámos um pouco e continuámos pela N 651 passando por Pontedeume e por Miño. Quase ao final da tarde começou a
chover e quando houve uma aberta procurámos chegar ao parque de campismo mais
próximo, que ficava perto da praia de Sada.
Etapa 4 – Sada-Malpica de
Bergantinos (95km)
Levantámo-nos cedo, mas tivemos que esperar pelas 9h00, hora
a que o rececionista se levantou. O dia acordou cinzento e a ameaçar chuva.
Descemos até à cidade de Sada onde
comprámos comida e tomámos o pequeno almoço no jardim.
Seguimos por Oleiros em direção à Coruña. Atravessámos a
cidade em direção ao centro histórico. Visitámos a Torre de Hércules (sec.II) - o farol mais antigo do mundo ainda em funcionamento - e
passámos pela bela praia da cidade, onde fizemos uma paragem para
almoçar.
A partir daqui entramos na chamada Costa da Morte, assim
chamada devido aos inúmeros naufrágios aqui ocorridos devido à traiçoeira costa
rochosa.
Saímos da Coruña
para oeste em direção às praias e o objetivo era chegar a Malpica de Bergantinos, onde havia um parque de campismo. Foi uma
viagem muito agradável, com paisagens magníficas, sempre com o mar ao nosso
lado. No fim de cada curva éramos
surpreendidos por mais uma bela praia ou uma paisagem grandiosa. Espetacular a vista sobre a península onde fica a povoação e praia de Caión e muito bonitas as praias de Barrañan e de Alvite.
A seguir à praia de Razo
optámos por seguir por um caminho de terra (a ruta dos pinos do mar) , por ser
mais perto do mar e foi uma pequena aventura, pois o caminho era muito estreito e acidentado, com
silvas e lama nalguns troços e algumas subida realmente duras e prolongadas. Ficámos
com alguns arranhões, mas a paisagem era espetacular. Ao fundo via-se a ilha de Sisarga.
Em Buño passámos por uma feira de louça tradicional da região e uns
quilómetros depois chegámos à praia de Malpica
de Bergantinos, que fica mesmo no final de uma comprida descida, com prédios altos de cada lado da estrada que tapam completamente a
vista da praia.
O sol estava quase a pôr-se quando chegámos à praia de Malpica. Comprámos
comida e voltámos a subir, pois o parque de campismo de Sisargas, tranquilo, espaçoso e com muitas sombras, ficava uns
quilómetros afastado da cidade. Chegámos ao parque já o sol se tinha posto. No restaurante do
parque havia um menú a 7€, pelo que decidimos comer no restaurante e guardar a comida comprada para o
dia seguinte. Eram 23h30 quando fomos dormir.
Etapa 5 - Malpica de Bergantinos- Finisterra (94km)
Depois de um boa noite de sono, apesar de ter caído alguma chuva durante a noite, levantámo-nos e
desmontamos o acampamento quando parou de chover. Tomámos o pequeno almoço no
parque, pois tínhamos comida do dia anterior. Durante a manhã, por causa da
chuva tivemos que nos abrigar várias vezes, o que atrasou um pouco a viagem.
Optámos
por estradas secundárias até Ponteceso
e daí continuámos junto à costa até Laxe. É
uma costa muito montanhosa e recortada, que de vez em quando nos surpreende com
mais uma bonita e tranquila praia. Em Ponte do Porto fizemos uma paragem
para almoçar.
Dali seguimos em direção a Muxia, vila situada numa língua de terra que entra pelo mar e que é local de passagem obrigatória para os peregrinos de Santiago que culminam o caminho em Finisterra. De entre os edifícios religiosos, o mais conhecido é o Santuário da Virgem da Barca, local de peregrinação desde o século XI e que atualmente, durante a Romaria da Barca, combina celebrações religiosas e pagãs.
Continuámos por estradas tranquilas e com belas paisagens, que de vez em quando nos deixavam ver o mar.
Passámos perto do cabo de Touriñan, que dizem ser um
dos mais bonitos da Costa da Morte. Ao fim da tarde chegámos a Cee e descemos até à praia e porto de Corcubión que dá nome ao estuário que
nos acompanha até ao cabo Finisterra. Ainda faltavam 7km para o parque de
campismo, que ficava à frente de uma bela praia, na estrada entre Corcubión e
Finisterra, onde chegámos ao pôr-do-sol. A visita a Finisterra ficaria para o
dia seguinte.
Etapa 6 - Finisterra – Boiro (117km)
O dia amanheceu com sol e o céu limpo. Saímos do parque às
9h20 em direção ao cabo Finisterra, sempre ao lado do mar e passando por belas praias. Em Finisterra visitámos o farol e alguns locais de grande simbolismo
para os peregrinos de Santiago, como a “bota do peregrino” e o local onde os
peregrinos queimam objetos que transportaram durante o caminho de Santiago.
Comprámos algumas lembranças e regressámos a Corcubión pelo mesmo caminho.
Continuámos à beira mar, sempre com belas paisagens e o mar sempre ao
nosso lado. Muito bonita a praia de
Vouga. Pedalámos mais 40km até Muros, onde parámos para almoçar num jardim e
estivemos à conversa com um velho peregrino com um ar muito hippie, que nos falou das suas peregrinações
a santiago e que era muito crítico em relação à excessiva comercialização dos Caminhos
de Santigo.
E a viagem continuou, sempre com vistas fantásticas que nos faziam
esquecer as subidas e os quilómetros percorridos. Ao longe ainda se avistava o
cabo Finisterra, até que virámos para sul em direção a Muros.
Ainda passámos pela praia de Carivota e em Noia deixámos
a costa e atalhámos para o interior em direção a Boiro onde chegámos ao final do dia, ainda a tempo dar um salto à
praia para um mergulho. Jantámos uns hamburgers e uns pimentos de Padrón no
restaurante do parque de campismo.
Etapa 7 Boiro – Redondela (110km)
Saímos do camping em direção a Rianxo e andámos alguns quilómetros afastados da costa até
chegarmos à entrada da Ria de Arousa.
A ria de Arousa tem uma forte
ligação às peregrinações de Santiago, pois de acordo com a lenda, foi por aqui
que entrou a barca que levava os restos mortais do apóstolo Tiago em direção a
Padrón.
Da ponte sobre o rio Ulla avistam-se as ruínas de um antigo castelo
Viking e as réplicas de alguns barcos vikings. Continuámos até à Vila Garcia de Arousa, sempre à beira da
ria. Em Vila Nova de Arousa,
comprámos comida e fomos para a praia que fica em frente da ilha de Arousa, onde depois de um banho, almoçámos e dormimos a sesta.
Depois seguimos até Cambados e daí até à muito movimentada
praia de Sanxenxo, com muitas
praias de água transparente e a costa repleta de vivendas debruçadas sobre o
mar.
Uns quilómetros à frente e numa praia mais tranquila fizémos uma paragem para tomar mais uma banhoca e
descansar, pois estava muito calor. Estávamos a 15 quilómetros de Pontevedra e foi num ápice que lá
chegámos. Visitámos o centro histórico e tomámos uma bebida numa esplanada. Mas
como o objetivo era chegar a Redondela, apanhámos a N 505, passámos por Arcade e chegámos ao parque de campismo
pouco antes do pôr do sol, ainda tempo de tomar um banho na ria de Vigo, mesmo em frente da ilha de San Simon.
Etapa 8 - Redondela –(La Guarda) –
Ofir
Desmontámos acampamento e tomámos o pequeno almoço no centro
de Redondela. E seguimos em direção a
Vigo. A estrada tem vistas magníficas sobre a ria.
Atravessámos a cidade de Vigo e na zona
ribeirinha estava a decorrer um festival de skate e BMX. Continuámos junto às
praias que às 10h da manhã já estavam apinhadas de gente. Mais à frente apanhámos
a ciclovia que passa pela baía de Tiguan e continua até Baiona.
Em Baiona
fizemos uma paragem para comprar umas deliciosas empadas e almoçámos mesmo em
frente ao mar. Depois continuámos sempre à beira mar pela espetacular ciclovia
que liga Vigo até La Guarda. Descemos até à estação dos
ferry, à beira do rio Minho. Enquanto esperávamos pelo ferry bebemos uma coca-cola e comemos umas uvas. Ao passar a fronteira, terminava a viagem pela costa da
Galiza, durante a qual pedalámos 760kms.
Entrámos em Portugal pelas 17h00 e pedalámos até à praia da
Foz. Depois atravessámos a mata em direção à praia do Moledo, onde parámos
para um mergulho. Continuámos por um caminho de terra à beira mar que nos levou até Vila Praia de Âncora, onde apanhámos a N 13 em direção a Viana
do Castelo. Depois de uma breve visita à cidade, atravessámos a ponte Eiffel e
continuámos com destino a Ofir onde ficava o parque de campismo onde
pretendíamos ficar. A determinada altura aproximámo-nos de 2
ciclistas de estrada que nos quiseram “despejar”, o que motivou um interessante
despique durante vários
quilómetros (apesar de já termos 120kms nas pernas e o peso das nossas bicicletas rondar os 25kg) a rolarmos a mais de 30km/h ...e não nos conseguiram fazer descolar. Chegados ao parque,
montámos acampamento e jantámos uns deliciosos secretos de porco preto num
restaurante mesmo em frente do parque de campismo.
Etapa 9 - Ofir – (Porto) –
Aveiro (144km)
Tomámos o pequeno almoço no bar do parque de campismo,
enquanto esperávamos pela hora de abertura da receção. Tentámos pedalar junto à costa, mas as estradas eram todas em
paralelo e com muita trepidação, pelo que voltámos à N 13. Só perto da Póvoa do
Varzim voltámos a apanhar uma excelente ciclovia.
A praia da Póvoa é enorme e como era domingo, havia muita gente na praia e a caminhar ou
andar de bicicleta no "calçadão". A partir de Vila do Conde acabou-se a ciclovia
e voltámos à N 13 em direção a Matosinhos, onde almoçámos umas deliciosas
sardinhas assadas.
Atravessámos Leixões e a caminho da Foz do Douro voltaram as
ciclovias à beira-mar. Entrámos no rio Douro, passámos pela Ribeira do Porto repleta de
turistas e atravessámos o tabuleiro inferior da ponte D. Luís até Vila Nova de
Gaia, que tem espetaculares vistas para a cidade do Porto.
Acompanhámos o rio
Douro até à foz durante cerca de 5km e
partir daqui foram 20km de ciclovias espetaculares até Espinho. Próximo desta cidade pedalámos alguns quilómetros num passadiço de madeira. A partir de Espinho
o objetivo era chegar a Aveiro a tempo de apanhar o comboio regional com destino a Santarém, onde estava a nossa boleia para casa.
Balanço
Foi uma viagem espetacular em todos os aspetos. A paisagem é
deslumbrante, as praias magníficas, algumas muito tranquilas. Visitámos grandes
cidades como Ribadeo, Ferrol, Corunha, Pontevedra e Vigo. No que se refere às dormidas acampámos sempre, mas no norte
da Galiza existe uma menor oferta de parques de campismo, o que condiciona os
locais de fim de etapa.
Em relação às refeições, só à noite jantávamos em restaurante.
Durante o dia comprávamos comida em supermercados e comíamos tranquilamente em
jardins ou junto às praias. Os meus companheiros de viagem foram espetaculares. Reinou sempre a boa disposição e um perfeito
entendimento em relação a todos os
aspetos, mesmo nos momentos de algum stress ou de maior cansaço. E as bicicletas também se portaram muito bem, pois não se
registaram quaisquer avarias.
Próximas etapas
O projeto Volta à península Ibérica vai continuar no próximo Outono. Em Outubro, iremos pedalar entre Espinho e Caldas da Rainha (240km),
atravessando a ria de Aveiro em S. Jacinto. E no Carnaval ou na Páscoa iremos
concluir a costa de prata e continuar pela costa alentejana e algarvia.
Vítor Milheiro